sábado, 5 de março de 2016




Quando prepara o transe, o xamã bate o tambor, chama os seus espíritos auxiliares, fala uma "língua secreta" ou a "língua dos animais", imitando sua voz e sobretudo o canto dos pássaros. Acaba por obter um "estado segundo" que põe em ação a criação lingüística e os ritmos da poesia lírica. Ainda hoje, a criação poética continua sendo um ato de perfeita liberdade espiritual. A poesia refaz e prolonga a língua; toda linguagem poética começa sendo uma linguagem secreta, ou seja, a criação de um universo pessoal, de um mundo perfeitamente fechado. O ato poético mais puro tenta recriar a língua a partir de uma experiência interior que, assemelhando-se por isso ao êxtase ou à inspiração religiosa dos "primitivos", revela o fundo das coisas. É a partir de criações lingüísticas dessa ordem, possibilitadas pela "inspiração" pré-extática, que as "linguagens secretas" dos místicos e as linguagens alegóricas tradicionais se cristalizaram depois.Coleccionei inimigos... e estes juntaram-se e vingaram-se...

D.van Dalen (Author)


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M Elíade

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